quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Amizade Eterna

Era por volta da 01:00 da manhã. Aline estava em seu quarto, apenas ouvindo, desde 2013, as eternas brigas de seus pais, Lorayne e Henrique Matos. Ela não sabia o que mais aconteceria, pois sempre brigavam pela mesma situação: era as contas à pagar, o pai que fazia plantões de vários dias na delegacia e a suspeita da mãe de que seu marido a está traindo.

Ao som de So Far Away, da banda Avenged Sevenfold, Aline lembra-se de sua antiga amiga, Moly, que morreu a pouco tempo, vítima de um assassino serial que atacava regularmente na cidade e até o momento, não havia sido encontrado. Lembrava-se dos momentos felizes que compartilhou com ela e especialmente um na escola, onde as garotas a zoavam por não ser "patricinhas" como elas e foi Moly que lhe estendeu a mão.

Sempre foi uma garota normal. Gordinha, olhos castanho claro, sempre com camisetas de bandas de rock e gótico, o que para os garotos da escola não era um charme, mas algo estranho e ridículo, e sua amiga Moly sempre ao seu lad...

Então, a música para e nenhum barulho ela consegue ouvir, nem da música, nem da briga de seus pais... apenas o vento a sobras sob as árvores sem folhas do lado de fora da casa.

- Hmm... acho que meus pais cansaram de brigar e foram dormir - pensa a menina se enrolando no edredom de casal vermelho, sua cor preferida.

Por um breve momento, Aline sentiu que acabara de ouvir sua mãe gemendo.

- Hmm... estava enganada. Não foram dormir, mas sim se divertir...

Aline há um bom tempo não consegui descansar quando seus pais começavam a transar. Para um menina de apenas 15 anos de idade, isso é horrível. Nada pior do que ouvir seus pais transando...

Passados alguns minutos, ela pega no sono...

Ela acorda um tanto atordoada, pois acabara de sonhar com sua amiga. "Ou foi um pesadelo?" Aline não sabia ao certo, mas quando viu que a hora já passava das 12:00, achou estranho sua mãe não tê-la acordado; e então foi até o quarto de seus pais.

Ao chegar, a cama estava da mesma forma que sua mãe a deixou no dia anterior. A farda da polícia de seu pai em cima da cama, suas botas ao lado, seu chapéu e seu cinto com a arma e o cassetete pendurados na parede. Ela achou estranho... este horário seus pais já estariam de pé e tomando o café da manhã para trabalharem. Ela então sente um aperto em seu peito e um vento leve e gélido passou ao seu lado arrepiando sua espinha... e ouviu sua melhor amiga morta lhe chamar.

Nesse momento, ela desce correndo as escadas de sua casa, rumo a cozinha.

Ao chegar, sente o cheiro de café fresco e cookie, o que é seu café da manhã preferido. Mas ao se aproximar, não havia nada de café nem de cookies. Ela ficou sem entender, pois a próxima casa ficava a mais ou menos uns 40 metros da sua e não teria como este cheiro vir até aqui (especialmente o cheiro do café da manhã preparado por sua mãe).

Novamente sente a espinha gelar e os pelos de seu corpo arrepiar e novamente a voz de Moly...

- Minha querida amiga, eu voltei. Vamos brincar? - disse a voz quase que próxima de seu pescoço...

- Quem está aqui? - gritou a garotinha já assustada - cadê os meus pais? Que brincadeira de mau gosto é essa?!

Então ela se vira e corre até a porta da frente, mas esta está trancada. Tenta pelas janelas, mas também estão. Desistindo, segue rumo à sala de estar, parando imediatamente, com a cena que presencia...

O corpo de seu pai inteiramente mutilado no meio da sala com a cabeça em cima de uma bandeja de prata que sua mãe ganhara como presente de casamento à 17 anos atrás.

Ao sair da sala, horrorizada com o que viu, se virando, vê sua amiga morta, Moly, com outra bandeja nas mãos, contendo os órgãos genitais de seu pai.

- Olha amiga, deve estar tão gostoso, venha, coma comigo.

Ao ouvir isto, Aline, grita e corre subindo novamente, e histericamente, a escada que leva até seu quarto e o de seus pais. Mas ao chegar lá, não consegue abri-lo e vendo que sua "amiga" está próxima, corre para o corredor em direção ao banheiro do andar, onde entra e o tranca.

- Vamos Aline, saia dai e vamos brincar... - Disse a menina num tom muito acolhedor e ao mesmo tempo assustador para se confiar - Não viu que seus pais brincaram comigo esta madrugada?! E olha que eles são bem chatos.

"How do I live without the ones I love?
Time still turns the pages of the book it's burned
Place and time always on my mind
I have so much to say but you're so far away"

"Como eu posso viver sem aqueles que eu amo?
O tempo ainda vira as páginas do livro queimado
Lugar e tempo sempre na minha mente
Eu tenho tanto a dizer, mas você está tão longe"

 Ao ouvir esta parte da música, Aline se sente inteiramente solitária e sem rumo. Seu pai, morto e sua mãe... bom, não sabia onde estava, então ainda havia esperança.

Aline estava apavorada com sua situação naquele momento; sua melhor amiga morta em sua casa e matou seu pai e sabe-se lá se não a mãe também... Aline resolve então olhar pelo buraquinho da fechadura o outro lado, onde Moly se encontra.

Nada! Absolutamente nada...  Ninguém do outro lado. Quando então vê sua querida amiga correndo do começo do corredor até a porta do banheiro onde estava - como se viesse de "encontrão" com ela - e Aline se afastou da porta e caiu na banheira, onde jazia o corpo inerte de sua mãe desmembrada e com os olhos fundos sem vida...

"How do I live without the ones I love?
Time still turns the pages of the book it's burned"

"Como eu posso viver sem aqueles que eu amo?
O tempo ainda vira as páginas do livro que está queimado"

Ela então se levanta rapidamente, com os olhos cheios de lágrimas que ansiavam em se acumular, e fica de frente para o espelho...

- O que vou fazer agora? - disse ela em meio a soluços de tanto chorar - estou sozinha e não tenho para onde correr.

Nesse momento, Aline se vira e seu reflexo no espelho... continua imóvel! Aline olha rapidamente para o espelho e neste momento, seu reflexo se torna o de Moly e parte para cima dela.


 
- Prometi que voltaria para lhe ver querida Aline... e me sinto só onde estou, venha e me faça companhia.

 Aline então tensa se desvencilar da garota, mas sem sucesso. Ela grita alto e mais alto, mas o som de sua voz é abafado pela voz gutural vinda de Moly:






NÃO HÁ COMO FUGIR, GAROTINHA!!! SUA ALMA AGORA É A MINHA E SUA VIDA TAMBÉM SERÁ A MINHA!


Neste momento, Aline desmaia...

Alguns dias depois, Marcos, delegado da polícia da cidade e irmão de Henrique, vai até a casa dos Matos, pois o colega não apareceu nos dias de trabalho e nem o telefone atendeu.

Quando ele chega na casa, está inteiramente fechada e as janelas pintadas de preto e uma música fúnebre tocando ao fundo. Nesse instante, o policial saca sua arma e vendo que a porta está aberta, adentra a residência.

Assim que adentra a casa, fica em choque, ao ver seu querido amigo e companheiro de trabalho, morto e mutilado na sala de estar, em estado avançado de decomposição. Ele grta para ver se tem alguém mais na casa, mas só recebe de volta a resposta da música que continua a tocar. Sendo assim, decide subir ao próximo andar.

O policial Marcos checou o quarto do casal e estava impecável, mas nada encontrou, indo verificar o banheiro. Ao chegar lá, sua espinha arrepiou, ao ver o corpo de Lorayne estendido na banheira sem vida e também se decompondo. Neste momento, ouve choro vindo do quarto da filha do casal, Aline, e com esperança sai correndo para lá.

Ao chegar, não há ninguém no quarto, mas novamente, ele ouve o choro e percebe que vem de baixo da cama.

- Aline, sou eu, o Marcos, seu tio, o policial, saia dai, vim te ajudar - disse o policial tentando acalmá-la.

A menina então sai de baixo da cama e olha para o policial com uma face triste e assustada. Quando o policial abaixa a arma e anda até a menina, que prontamente olha nos olhos de Marcos, que paralisa no mesmo momento.

- Ma... Ma... Mas o que é você? - questiona o policial imóvel.

- Sou eu titio... a Aline - disse a menina, um tanto "inocente" e num tom gutural prossegue- ME DÁ UM ABRAÇO?!

 







OBS: Conto de minha autoria, Mal'akh C. Alberack . Por favor não copie! Mas comente o que achou do conto. Mandem sugestões para o email : zandrack.kaique@gmail.com e terei o prazer de escrever mais contos sobre o assunto que quiserem. Visite também o Facebook: Kaique Nascimento.

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